Ninho

2005/06/17

Praça da Figueira ou um Retrato de Lisboa

Fim de tarde
A instalação sonora debita uma música que pretende dar alguma animação à praça.
Algumas pessoas, não muitas, passam em fim de dia, umas apressadas outras nem tanto, poucas a que param mirando as montras talvez olhando aquela peça que gostariam de possuir e…
Alguma deambulando pela canícula que se faz sentir deixando que o ocaso traga a noite e com ela...
Um invisual tenta descobrir uma fresta entre o emaranhado de carros estacionados, alguns correctamente outros nem por isso ocupando parcialmente o passeio.
Eis que a nesga! Está ali!
Hesitação.
Quer atravessar a rua?
Sim! Posso atravessar?
Pode!
Uma mão no braço. Seria preciso?
O encontro com o passeio do outro lado da rua.
Cuidado!
Onde devia estar a calçada um omnipresente buraco.
Assumindo-se com orgulho.
Aqui estou. Sou um de muitos que existem por essa Lisboa
Desvio
Retoma do percurso
Mais à frente as mesas e cadeiras da esplanada de um café tomam conta do passeio.
Desvio,
Sem hesitações.
Este é um obstáculo já conhecido.
Presente e permanente como tantos
nos passeios de Lisboa.

2005/06/16

Raios de Sol


Posted by Hello

2005/06/15

Eugénio de Andrade

Andamos por aí e sem nos apercebermos não damos a importância devida ao que nos rodeia!

Vem este comentário a propósito da obra de Eugénio de Andrade, poeta que tão bela obra nos legou, e que tão pouco divulgada está.

Para quê palavras se:

“As Palavras”

ele nos deixou?

As palavras.

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade