Eugénio de Andrade
Andamos por aí e sem nos apercebermos não damos a importância devida ao que nos rodeia!
Vem este comentário a propósito da obra de Eugénio de Andrade, poeta que tão bela obra nos legou, e que tão pouco divulgada está.
Para quê palavras se:
“As Palavras”
ele nos deixou?
As palavras.
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
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