Ninho

2005/06/15

Eugénio de Andrade

Andamos por aí e sem nos apercebermos não damos a importância devida ao que nos rodeia!

Vem este comentário a propósito da obra de Eugénio de Andrade, poeta que tão bela obra nos legou, e que tão pouco divulgada está.

Para quê palavras se:

“As Palavras”

ele nos deixou?

As palavras.

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade